18 November 2010
Clarice Lispector |
Clarice Lispector deixou de herança para os brasileiros sua maneira ímpar de fazer literatura. Longe de rótulos, escolas ou limitações literárias, essa judia de origem ucraniana teve sua vida e obra debatidas na Fliporto 2010.
Os palestrantes Nélson Vieria, Arnaldo Niskier e Luzilá Ferreia trouxeram ao público vida e obra de Clarice Lispector e a influência das culturas judaica e nordestina para a formação da identidade de uma das maiores autoras da literatura brasileira.
Bastante intimista, Clarice desestabilizou as tradições culturais e revolucionou sua época ao juntar literatura e psicanálise. Em suas obras, ela mexe com os fantasmas da mente humana e desvenda os seus mecanismos.
Clarice Lispector em sua escrivania |
A autora causa fascínio entre os psicanalistas e leitores comuns, por encantar ao escrever aquilo de que também não se apropria, trazendo para o homem as mesmas reflexões que a atormentam. Esse processo de sedução tem sentido antropofágico nas obras de Clarice. Ela se apodera do leitor inicialmente de forma despretensiosa, ao ponto que este se deixa levar pela autora e cai na “armadilha” de Clarice. Semelhante ao texto “As baratas”, o leitor é corroído de dentro para fora.
Macabéa e Olímpico |
Para os que tentam classificá-la o palestrante Nelson Vieria adverte que Clarice não é uma autora que se encaixe em rótulos. A classificação de suas obras equivaleria à limitação do todo e distorção da identidade de Lispector. A compreensão dessa identidade singular é de extrema importância para entender a sua vida e obra por trazer aspectos da cultura nordestina e judaica. A exemplo da personagem Macabéa, a nordestina (representação judaica) deslocada em um mundo distante do seu.
Na história brasileira, ainda há bastante espaço para pesquisas e estudos sobre a influência desta e de tantas outras personalidades de origem judaica na literatura nacional. Essas fissuras precisam ser preenchidas, pois a partir da compreensão destas naturezas, pode-se traçar nossa própria identidade cultural.
Por: Lais Capistrano
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